Herdade das Servas no Caravela

setembro 2023
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Cristóvão Laruça recebe produtor de vinhos do Alto Alentejo para jantar harmonizado com seus pratos tipicamente portugueses

O Caravela é referência em cozinha portuguesa há 9 anos em BH, reconhecido como um dos melhores restaurantes em 2018 pela Taste Portugal, entidade criada pelo Governo Português. A novidade é que desde julho desse ano o restaurante está instalado 3º piso do Diamond Mall, em ambiente de iluminação natural, que atravessa as paredes de vidros com vista para Av. Olegário Maciel.

O chef Cristóvão Laruça sempre promove jantares na presença de representantes de importantes vinícolas do seu portfólio. No mês passado, o diretor comercial do grupo Serrano Mira, André Lourenço Marques esteve no Caravela para uma harmonização dos vinhos Herdade das Servas em cinco etapas (R$360).

Extremoz é aclamada como uma das melhores regiões vinícolas alentejanas, onde se encontra a Herdade das Servas. Dez dos 350 hectares de vinhedos datam de 1940, sendo a maioria das vinhas plantadas nos anos 90.

Em regime de sequeiro, 85% das plantas não têm rega, sendo irrigadas apenas quando chove, o que garante a autêntica expressão do terroir em respeito ao ciclo natural das videiras e o foco na sustentabilidade com economia de água e energia. Dessa forma, as vinhas se tornam mais resistentes, com raízes mais longas em busca de água nas profundezas do solo. Os vinhos são produzidos somente com uvas próprias, que rendem 4.000 kg/ha, valor bastante abaixo da média da região, que resulta em uma melhor qualidade em taça.

Roupeiro é uma uva conhecida também por Côdega, Coda Pinhel, Alva e Crato Branco, cultivada em diversas regiões de Portugal. É a variedade branca mais plantada no Alentejo, repleta de aromas cítricos e bastante frescor como pude perceber no Monte das Servas Branco Escolha 2021 (R$184), que mescla a Roupeiro (50%) com Arinto (20%), Antão Vaz (20%) e Sémillon (10%). É possível sentir um certo agulhamento no vinho, aquela picância na boca que faz salivar, bem agradável.

Apreciamos com um couvert perfeito composto de escabeche de pato,

camarões à Bulhão Pato

e azeitonas marinadas.

Da mesma linha, o Monte das Servas Escolha Rosé 2021 (R$184) me impressionou pela elegância e potencial aromático, corte de Touriga Nacional (60%) e Syrah (40%). O chef caprichou no tártaro de namorado ao óleo de salsão que veio em cima do purê de pimentão, tomate, alho poro e cenoura, assados e caramelizados, com a finalização de ovas de tobico.

A casta Roupeiro entra em cena novamente, dessa vez em proporções iguais com Verdelho e Arinto e 10% Viognier no rótulo Herdade das Servas Colheita Selecionada Branco 2021 (R$254), que apresenta mais complexidade devido aos três meses de “sur lie” em cuba de inox. Nada mais certeiro do que o bacalhau em lascas com farofa de broa de milho para acompanhar.

Único vinho da noite que não está na carta do Caravela, o Herdade das Servas Alfrocheiro 2016 é uma raridade, produzido apenas nos melhores anos, foram feitas apenas duas safras nos últimos 12 anos.

Harmonizou com a paleta de cordeiro de leite com arroz meloso.

A sobremesa foi uma seleção de quatro queijos premiados da Ribeiro Fiorentini (Governador Valadares/MG), dentre eles o Giovanna, de massa mole, bastante cremosa, e remete ao brie, que acaba de conquistar o ouro no Mondial du Fromage et des Produits Laitiers, na França, dentre outros prêmios. Degustamos também o queijo Solera com 60 dias de maturação, levemente picante e casaca colorida com urucum. Doces portugueses de laranja, abóbora com nozes e marmelada fizeram o contraste com a potência dos queijos.

Para fazer jus às iguarias, um vinho de contemplação, o Herdade das Servas Reserva Branco 2019 (R$634) das cepas Arinto (50%), Verdelho (25%) e Alvarinho (25%) com estágio por 9 meses em barricas de carvalho francês com batonnage regular, processo de mistura das borras finas para que o vinhos adquira mais complexidade. As notas de pêssego e tangerina torna-se mais caldosas e tostadas com final persistente.