Trintaeum promove experiência com a iguaria ícone de Minas Gerais
Para conhecer e se aprofundar na cultura do queijo, o restaurante Trintaeum oferece uma experiência com nove queijos produzidos em vários cantos do estado. É um passeio por vários terroirs mineiros que abrange queijos de diferentes receitas, de massa crua e cozida, frescos e maturados, elaborados com leite de vaca, cabra e búfala. A seleção muda conforme disponibilidade do produtor, já que são queijos bem exclusivos e muitos deles de pequena produção.
A degustação precisa ser reservada, pois são disponibilizadas somente duas mesas de até quatro pessoas por noite, nos horários 19:00 e 20:30. Os queijos são cortados na hora e apresentados um a um, com suas respectivas histórias e peculiaridades. Chegam a bordo de um carrinho projetado especialmente para a ocasião, em madeira de jacarandá, a mesma utilizada historicamente na produção das formas de queijo. Servidos em pequenos pedaços, quando necessário com a casca, são acompanhados de azeites, geleias e picles, produtos essencialmente mineiros, conforme a ideologia da casa.
Canastra e Serro são duas das regiões mais famosas do QMA. Em dezembro do ano passado, os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal foram incluídos na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO. Foi o primeiro bem cultural brasileiro associado à cultura alimentar reconhecido pela organização internacional.
Em São Roque de Minas, o Canastra do Ivair Tarde Reserva é feito com o leite da ordenha da tarde, o que resulta em um queijo mais untuoso e potente, com sabores terrosos de cogumelo. Serro é outra região conhecida, sede do premiado queijo Dona Iaiá e seus aromas de castanha. Ambos são de casca florida e leite de vaca cru, com produção limitada de 10 a 12 queijos por dia. Provamos primeiro um pedaço de suas cascas, depois uma fatia que engloba o interior do queijo e por fim o queijo acompanhado de geleias artesanais mineiras e picles de jiló, que combinação fantástica!
Produtor que domina o mofo controlado, Alisson Hauck aplica técnicas francesas na produção dos queijos D’ Chèvre junto com sua família em Itaverava. Tratadas a base de homeopatia e fitoterapia, as cabras são criadas de maneira sustentável, com alimentação produzida no próprio criatório. O Alvura Negra apresenta uma fina cobertura de carvão de alecrim do campo que posteriormente é inoculada pelo fungo Penicillium candidum, o mesmo do queijo Brie. Já o Alvura Bleu é colonizado por for fora com esse mesmo mofo e por dentro é maturado com o mofo azul Penicillium roqueforti, assim como um gorgonzola. Exige muita técnica, cuidado e dedicação para garantir que cada mofo diferente nasça no seu devido local.
De tradição italiana, a burrata de búfala Di Vincenzo é sucesso nos melhores restaurantes de BH. Vincenzo Santaniello produz em Ibertioga o queijo típico do sul da Itália, feito com muçarela fresca recheada de stracciatella. Ficou deliciosa com a pasta de tomate de Carmópolis de Minas. O italiano está em testes do queijo caciocavallo, similar ao nosso tradicional cabacinha, patrimônio cultural do Vale do Jequitinhonha. O queijo cabacinha é feito a partir do leite cru de vaca, sendo sua massa aquecida, filada e moldada em formato de cabaça. Inclusive adorei prova-lo junto com o salame de baru da Charcuteria Sagrada Família e uma fina fatia de conserva de goiaba.
Vêm de Cruzília dois ótimos queijos pasteurizados da empresa laticínios Paiolzinho, o parmesão com seus cristais de tirosina e o Azul da Mantiqueira de mofo Penicilium Roqueforti, cremoso pelo creme de leite adicionado. Outro laticínio que se inspira em receitas de origem francesa e italiana é o Serra das Antas, instalado em Bueno Brandão. Provamos o tipo Comté, queijo francês tradicional do Jura, de textura firme e sabores intensos com toque de nozes.
Ana Gabriela explica que a curadoria será renovada de tempos em tempos, assim como o que combinar com cada um dos queijos, em busca de um serviço prazeroso à mesa.
Durante a degustação experimentamos azeites mineiros Verolí da Mantiqueira, das variedades arbequina e koroneiki, um luxo. A Degustação Guiada de Queijos Mineiros tem o valor de R$ 180 por pessoa e inclui o couvert da casa, composto por pão de fubá na chapa acompanhado de creme de refogado, quiabo com paio e conservas de goiaba e manga verde.
A sugestão de harmonização é Luiz Porto Nature, espumantes são sempre versáteis para acompanhar vários tipos de pratos.
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Degustação Guiada de Queijos Mineiros no Trintaeum na minha coluna de gastronomia do Cidade Conecta
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Trintaeum
Rua Professor Antônio Aleixo, 20, Lourdes, Belo Horizonte, MG, Brasil
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