Com vista para Praça Raul Soares, bares no estilo raíz, comandados por quem entende de sabores simples, porém sublimes, revitalizam o centro de BH.
Já escrevi sobre o início da carreira gastronômica do chef Jaime Solares, suas andanças pela elite francesa até abrir o Borracharia Gastrobar em 2011, que durou até que veio a pandemia e fechou a cidade. Partiu para consultorias de delivery entre elas o O Jardim, depois rumou para São Paulo, trabalhou com gestão de franquias, morou na roça, prestou consultoria em São José do Barreiro e cozinhou por três meses no Espaço Priceless com o chef Onildo Rocha.
Sempre esteve na cabeça no Jaime ter um boteco de estufa, mas não sabia para quando seria. Primeiro veio o ponto, depois o projeto do Pirex e foi concretizado ao firmar sociedade com o restaurateur Vitor Velloso, sócio investidor do Pacato. “A parte fria da estufa foi sempre uma paixão minha e da Michele, são petiscos que a gente faz para levar para casa de amigos”, comenta Jaime Solares. “Em um boteco tradicional as comidas saem da estufa e já vão para a mão do cliente, aqui passa primeiro pela mão do Jaime para finalizar e dar um toque especial” confessa Michele Matos, companheira e sócia do chef, que complementa “e é uma passagem ligeira, pois se não fosse para ser rápido não precisaria da estufa”. Michele também vai para a cozinha e desenvolve receitas além de atuar nas finanças.
São 25 opções de estufa fria, 10 de estufa quente e 5 de fritadeira, tudo servido em uma pequena marmitex de alumínio com talheres também descartáveis.
A água é grátis, tirada do filtro de barro. Na minha primeira visita eu simplesmente degustei 18 das 40 delicias e pirei com os sabores.
Salivação abundante resume o Pirex. As sardinhas estão um espetáculo, em escabeche (R$15), rollmops (R$15, 2 unid.)
ou no azeite de tomate (R$25).
A punheta de bacalhau (R$28) eu repeti, e sinceramente repetiria todos.
A macarronese de atum (R$25) você não dá nada por ela até provar e se surpreender.
Língua recheada com polvo (R$28) é só lá que tem, e na versão quente ela é mergulhada no teriaki de Caracu (R$28).
Capetinha de mortadela (R$20),
quiabo com bacon (R$24)
e torresmo pipoca (R$20) vão exigir um dose de cachaça Princesa do Vale (R$13) ou uma batida de coco no copo lagoinha (R$13).
Os veganos podem se esbaldar na abobrinha marinada (R$18),
tartare de abóbora (R$15),
caponata de berinjela (R$22), escabeche de jiló (R$15),
alho espanhol (R$18) e couve-flor com azeite de especiarias (R$15), que está surreal de boa.
Sem falar no picles frito (R$24),
algo viciante.
Há heranças da saudosa Borracharia como a tilápia crocante com aioli e limão (R$36), moela com molho de tomate defumado (R$28), frango a passarinho com vinagrete e chips de alho (R$32) e linguiça da roça (R$28), porém devem ficar no cardápio só até o mês que vem, quando a estufa quente será ampliada e renovada.
Da segunda vez que fui tinha uma almondega e um pernil, cada um mais sensacional que o outro.
A pimenta é das bravas, das boas!
Para a experiência ficar ainda mais interessante, Jaime Solares indica harmonizações com os coquetéis do vizinho Bar Palito como Dry Martini com punheta de bacalhau; Bloody Mary com carne louca; Rabo de Galo com chouriço tostado; Garibaldi com tartare de abóbora moranga; Negroni com moela com molho de tomate defumado; Gin Tônica com rollmops; Daiquiri com tilápia crocante; Campari Tônica com língua recheada com polvo e Arnold Palmer com almôndega ao sugo. Critérios de similaridade foram adotados para maioria das composições – desfrutem!
Muito amor por esse casal!
.
Pirex na minha coluna gastronomia do Cidade Conecta.
.
Bar Pirex
Avenida Amazonas, 1049, loja 54, Centro, Belo Horizonte, MG, Brasil