Miski Mikuy quer dizer comida gostosa em Quechua, língua indígena ainda falada por muitos povados da América do Sul. O nome não poderia ter sido outro, já que reflete realmente o que representa aquela portinha escondida no bairro Estrela Dalva, um restaurante onde cabe pouco mais de dez pessoas. Pequeno no espaço, mas grandioso na gastronomia, fiel às tradições peruanas.
Hermes e Christian, dois irmão batalhadores que vieram de Huancavelica, umas das cidades de maior índice de pobreza do Peru, chegaram o Brasil há sete anos e estão dando um show de gastronomia do seu país. Hermes é quem comanda a cozinha e veio em 2013 para trabalhar no Wari por um ano e meio, depois no Porcão por quatro anos e em seguida no Coco Bambu, quando saiu para montar o seu próprio negócio ao lado de seu irmão. Christian prepara os drinks e faz a gerência da casa. O Miski Mikuy foi inaugurado em novembro do ano passado e sempre estava cheio, chegando a ter fila na porta. Os peruanos já tinham uma clientela fiel conquistada em eventos privativos com jantares personalizados e cozinha ao vivo. Então veio a pandemia e eles não desanimaram, entram pro delivery no iFood e UberEats e conseguiram manter o funcionamento. Já estão recebendo clientes de segunda a domingo das 11:00 as 23:00, sim, eles não param.
O ceviche clássico (R$34,90) é a especialidade do Miski Mikuy, prato peruano mais conhecido no Brasil. O segredo da receita é o saboroso leite de tigre, o caldo a base de limão, peixe e aipo que marina a tilápia. Vez ou outra eles usam o dourado. No Peru é feito com o linguado, mas a substituição foi necessária em razão da melhor disponibilidade do peixe por aqui. O coentro não pode faltar.
Bem típica também é a causa rellena (R$23,90), a base de batata amassada com tempero peruano, recheio de frango, abacate e maionese artesanal. O arroz chaufa de mariscos (R$43,90) vem bem recheado de lula, camarão, polvo, mexilhão, ovo e muito bem temperado com molho shoyu, cebolinha e pimentão. Ao lado uma salsa criolla, com tomate, cebola, milho, salsinha e limão acompanha o prato.
Os anticuchos são os nossos espetinhos, preparados com temperos peruanos como ají amarrillo e ají panca, que se assemelham a pimenta dedo de moça. Hermes prepara uma versão mista de frango e boi (R$25) e também já fez o tradicional anticucho de coração de boi, esse ainda quero provar. O lomo saltado (R$35) é também um prato parecido com o nosso filé na chapa, também servido com batata frita e arroz, tendo algumas diferenças na forma do preparo em que se salteia na panela wok com shoyu e vinagre.
Uma das sobremesas leva lúcuma, um pequeno fruto originária dos vales andinos do Peru. Tem cheiro e sabor adocicados, que remetem à baunilha. Lá no Peru também se come bastante pudim de leite condensado, com o nome de creme volterada (R$10). Os picarones são bolinhos feitos com abóbora, batata doce e farinha de trigo (R$15) e fizeram sucesso na Festa Peruana da Savassi no ano passado.
A tradição continua nas bebidas como a boa cerveja cusqueña (R$9)
e o Pisco Sour (R$15), feito do destilado da uva com limão, clara de ovo e angostura.
Hermes ainda apresenta drinks autorais como o “Perú Libre” (R$14), com Inka Kola, aquele refrigerante amarelo fosforescente do Peru adicionado ao pisco e um toque de limão. No Zambito (R$15) vai pisco macerado com café, limão e xarope.
Christian é que faz as infusões nos piscos para saborizar a bebida e incrementar seus coquetéis.
Que experiência fantástica poder reviver sabores peruanos pelas mãos talentosas desses guerreiros!
.
Miski Mikuy na minha coluna de gastronomia do Jornal da Cidade BH:
http://degustatividade.com.br//wp-content/uploads/2020/10/220_Miski-Mikuy.pdf
.
Miski Mikuy
Rua Barroso Neto, 273 – Estrela Dalva, Belo Horizonte, MG, Brasil