Renato Quintino foi um dos primeiros chefs a adaptar-se ao esquema de confrarias on line em virtude da pandemia. Com a abertura dos bares e restaurantes decretada, já retomou às aulas presenciais em seu espaço no bairro São Pedro, onde há mais de dez anos reúne amantes da boa comida e da cultura gastronômica mundial.
Desde os 16 anos ele se aventura na cozinha, começou a dar aulas em 1996 após adquirir experiências chefiando restaurantes além de ter viajado pelo mundo em busca de conhecimentos e técnicas culinárias. Foi professor da ABS-MG (Associação Brasileira de Sommeliers) por 5 anos na matérias de harmonização, enologia, vitivincultura e regiões do velho e novo mundo.
A cozinha ampla e aberta é totalmente integrada ao ambiente, sendo possível acompanhar todos os passos do preparo do prato de qualquer mesa escolhida.
O espaço tem dois andares e recebe eventos empresariais, pequenos casamentos, festas até 100 pessoas.
Na parede, recordações de viagens gastronômicas do chef por diversos países do mundo.
O menu preparado para essa grande noite passeia pela gastronomia mundial e mescla conceitos e ingredientes de diversos países na criação de receitas rebeldes. Começamos a rebeldia com dumplings, bolinhos chineses que Renato reinventou com berinjela, farinha de pão, parmesão ao molho alla parmigiana.
Eu e Lorena no aventuramos em enrolar algumas bolinhas enquanto ouvíamos os segredos do preparo. O maçarico deu uma gratinada nos dumplings mergulhados no tomate pelado, extrato de tomate deliciosamente temperados com pimenta calabresa, páprica, orégano, sal e pimenta-do-reino.
Ao sair do forno, um cheiro maravilhoso dominava o ambiente e a boca salivava de vontade de provar essas almondegas vegetarianas.
O vinho escolhido para harmonizar foi o argentino Finca El Origem Malbec Rose.
Deu muita vontade de repetir mas tínhamos que guardar espaço para as outras maravilhas a seguir.
O bacalhau é um dos peixes preferidos do chef Renato Quintino, e com certeza um dos meus também. Vai muito além de Portugal e é amplamente apreciado nas diversas gastronomias do mundo com seus diversos nomes como Kabeljauw na Holanda, Cabillaud na França, Bacalao na Espanha e Baccalà na Itália.
Na verdade, o termo bacalhau refere-se à técnica de salgar e dessalgar o peixe, sendo o Gadus Morhua tido como o mais nobre, encontrado em águas frias da Noruega. Na Amazônia se faz um ótimo bacalhau de pirarucu. Renato já fez muitas receitas clássicas portuguesas e nessa aula rebelde a versão dada ao peixe lembrou o bacalhau à Vicentina pelo uso de aliche e alcaparra, acrescido de curry, legumes, cogumelos eryngii e portobelo além do molho Café de Paris.
Casa Santos Lima Corvos de Lisboa foi o tinto que harmonizou com esse prato. Nada mais apropriado, já que Portugal é o considerado o país do bacalhau.
O galeto me impressionou pela suculência e tempero completamente envolvido no interior da ave. O segredo é a marinada que o galeto dorme de um dia pro outro.
Foi acompanhado por um ótimo purê de cenoura incrementado com gengibre, a erva-doce e o cominho.
A rebeldia do quarto prato foi criar um baião japonês. No lugar o queijo coalho, o tofu. Ao invés de usar feijão de corda, usou o feijão azuki. A carne de sol desfiada permanece e ainda recebeu shitake, shimeji, pasta de gengibre e croutons ao shoyu para enfatizar o caráter oriental dessa versão rebelde de baião.
O chileno Ancla Odfjell Reserva Cabernet Sauvignon de uvas provenientes do Valle del Maipo e Maule com sua intensidade suportou a potência do prato.
O moscatel de Setúbal finalizou o jantar ao lado do semifredo halvah, halwa, halva, halava, nas diversas formas de se referir ao doce à base de pasta de gergelim típico na cozinha do Oriente Médio.
A varanda é extremamente agradável e passamos horas conversando sobre astrologia, mais um dos conhecimentos que Renato domina e dá aulas.
Criatividade é a marca registrada do Renato, que não costuma repetir receitas, está sempre inovando e inventando novos sabores e experiências. Sempre me surpreendo!
Muitíssimo obrigada, Renato, prazer incomensurável participar das suas aventuras.
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Renato Quintino – Gastronomia + Vinhos
Rua Cristina, 1175, São Pedro, Belo Horizonte, MG, Brasil