Já teve edição das aulas-jantar on line do Renato Quintino com Cachaçaria Lamparina e já teve também com música clássica do Quarteto Sagarana. Agora um encontro dessas duas atrações no mesmo dia foi sensacional!
Ainda teve o ator Odilon Esteves, que recitou um conto de Guimarães Rosa, para compor o tema do jantar baseado nos sabores do Sertão Mineiro com ingredientes típicos tanto nos pratos como nos coquetéis preparados pela cachaçaria Lamparia exclusivamente para o evento. Jenipapo, pequi, goiabada, tamarindo, castanha do caju, queijo minas, tropeiro, carne de sol, frango com quiabo, foram alguns dos sabores mineiros explorados enquanto ouvíamos peças musicais de autores brasileiros afinados com o tema da obra de Guimarães Rosa. Até a data escolhida, 27/06, foi pensada, já que se comemora o nascimento de um dos maiores escritores brasileiros de século XX.
Do pequi aproveita-se o fruto, suas folhas, sua casca e até sua castanha. O primeiro drink foi o Dona Branca, feito com cachaça Lenda Mineira armazenada na Amburana, limão tahiti e xarope da castanha de pequi, trazendo notas amendoadas, florais e de especiarias (cravo, canela e baunilha).
Bolo de pão de queijo com linguiça, nada mais mineiro que essa combinação!
Liberdade foi o segundo drink, elaborado com licor de jenipapo, vermute dry, tônica e cachaça Tiê. O licor junto com o óleo da casca da limão intensificam os aromas vegetais e cítricos do vermute e da cachaça branca. Caiu muito bem com a tilápia, ao molho de pequi com pirão, farofa de milho torrado e pimenta biquinho amarela, diretamente do fogão à lenha!
Uma versão de quentão com água tônica foi escolhida para combinar com a versão frango com quiabo, em um ótimo guisado com bacon, cebola baby e angu mole. O Quentão Tônica leva cachaça Vargem Grande, suco de limão capeta e um preparado de açúcar, gengibre, cravo, canela, maçã, cardamomo, suco e cascas de cítricos. A tônica equilibra o coquetel, deixando a sensação de gaseificação e o amargor perceptíveis no retrogosto, junto com a picância do gengibre.
Tropeiro de carne de sol desfiada é mais uma mineirice que casou perfeitamente com o Cajuína, drink feito com purê de compota de caju, cachaça Vargem Grande e suco de limão tahiti.
Joca Ramiro, nome dado ao coquetel da cor do solo fértil das Veredas e sensação refrescante das águas que afloram pelo solo. A cachaça usada é envelhecida no Jatobá e traz notas frutadas e terrosas em harmonia com a acidez do tamarindo em forma de geleia nessa composição com água tônica. Saboreamos com cupim defumado do Assacabrasa e arroz do sertão cheio de abóbora, quiabo, coentro, feijão fradinho e manteiga de garrafa.
A sobremesa me cativou! Primeiro porque leva queijo e segundo porque não estava muito doce. Mesmo com doce de leite, a torta de queijo minas e cumaru se manteve suave e com gosto de quero mais. Teve queijo até no drinque, veja que ousadia, e claro que adorei. A Melicana é uma cachaça envelhecida no barril de castanheira passa por um processo de fat wash, que é uma infusão na gordura do queijo, acentuando seu sabor salgado. Para completar o xarope de goiaba traz doçura e perfeição à combinação agridoce do “Dirceu e Marília”, eternos namorados do poema de Tomás Gonzaga, par perfeito assim como queijo com goiabada.
Noite intensa de conteúdo artístico tanto na música clássica como nos pratos e nos coquetéis. Um menu que não tem ingredientes caros mas tem seu “quê” de sofisticação dado pela história que carrega. Coisas do artista das panelas Renato Quintino.
Sempre uma grande honra participar, Renato, muito obrigada!
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Os preços variam entre R$190 a R$280 e as inscrições podem ser feitas por telefone/WhatsApp (31)98876-1331 ou via Instagram @renatoquintinogastronomia.
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Mais Renato Quintino no Degustatividade:
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