Felipe Gontijo é advogado e gastrólogo. Formado em gastronomia pelo SENAC em 2019, já trabalhou na cozinha do Caravela, do Mes Amis e com o chef Arlen Fortes em eventos e buffet. Além de advogar há 11 anos no escritório Araújo Massote & Moss na área de família e sucessões com duas pós graduações ainda se organiza para realização de eventos gastronômicos, confrarias e planejamento de cardápios de bares e restaurantes. À convite de uma das organizadoras Luluvinhas – Vanessa Borbolet – o chef Felipe cuidadosamente pensou em cada detalhe do menu de seis pratos típicos da península ibérica para harmonizar com os vinhos da Espanha e Portugal na confraria do mês de fevereiro/2020.

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A noite teve início pela Espanha, com o espumante Cava Cristalino Jaume Serra Brut,  produzido segundo o método tradicional na Catalunha, Denominação de Origem de Penedès, um verdadeiro achado no Verdemar. Ótimo custo-benefício, em torno de R$50, e premiado. Foi eleito como Best Buy pela publicação Wine Enthusiast além de conquistar, por três anos seguidos, o posto de melhor marca pela revista Wine & Spirits. Nada mais apropriado do que um pintxo de azeitonas, queijo, tomate cereja e chorizo (o embutido de origem espanhola) para acompanhar. Pintxos são petiscos servidos espetados no palito, assim chamados na Espanha. A acidez do espumante equilibrou o sabor marcante desse aperitivo servido num copinho com molho pesto.

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Seguimos pela D.O. Rías Baixas, na Galícia, onde a Albariño ocupa cerca de 90% do território. O Castelo Do Mar 100% Albariño, safra 2017 (R$145 na Wine) de elegante acidez suportou perfeitamente o vinagrete de mexilhões, melhor prato da noite da minha opinião. A tostada que servia de base, foi feita a partir de um belo pão caseiro de fermentação natural.

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Uma passadinha pelo Dão, em Portugal, para conhecer o trabalho da vinícola Niepoort em resgatar uvas como esquecidas, como Borrado das Moscas, Rabo de Ovelha, Cercial, em vinhas vinhas velhas de 40 a 60 anos de idade. Após serem cuidadosamente transportadas para a adega, as uvas foram prensadas e ferramentadas em aço inox seguindo por estágio de 12 meses em cubas de cimento na presença de borras finas (R$120 na Grand Cru). Combinou muito bem com um petisco tipicamente português, o peixinho da horta. No Brasil peixinho da horta é conhecido como uma planta aveludada com alto teor de proteína, no formato de peixe, consumida após ser empanada de frita. Em Portugal há também o processo de empanamento e fritura mas não da folha e sim da vagem. Uma salsa de maionese caseira, mostarda e mel acompanhou essa tempura fina, servida no azulejo português, um charme!

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De volta a Catatunha, o Cims del Montsant DO 2010 (R$160 na Cantu) teve 90 pontos Robert Parker  harmonizou com Fideuá de frango e legumes, prato catalão, semelhante à paella, feito com uma massa fininha em substituição ao arroz. Os ingredientes estavam perfeitamente integrados e essa cumbuquinha foi pouco pela vontade em comer mais e mais. Resisti em repetir já que ainda haviam mais dois prato e sobremesa pela frente.

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Da região do Douro, onde as estonteantes paisagens foram reconhecidas como Património da Humanidade pela UNESCO, me deparei com o vinho que mais me agradou na noite: Poças Vale de Cavalos Tinto 2016 (R$145 na Cantu), um blend de Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Barroca, uvas portuguesas autóctones bastante conhecidas. Pensamos em prato português e o que vem na mente é o bacalhau, sempre! Nessa receita as lascas de bacalhau foram refogadas e sobrepostas em uma bolacha de grão de bico.

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Por fim mais um ótimo vinho português, Quinta das Setencostas 2016 (R$145 na Cantu) da região de Alenquer, vila portuguesa pertencente ao Distrito de Lisboa. Outras cepas autóctones compõem esse rótulo: Castelão, Camarate, Tinta Miúda e Preto Martinho, um pouco menos conhecidas. O prato escolhido foi o Marrã Mesão Frio, corte suíno com batatas ao murro e cebolas caramelizadas, para dar um toque adocicado e casar com a sensação de doçura desse vinho.

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No final ainda teve ambrosia, uma herança da colonização portuguesa no Brasil. Entre pratos muito bem pensados em harmonia com vinhos selecionados, a enoeducadora Vanessa compartilha seu vasto conhecimento no mundo do vinho.

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As três turmas mensais são formadas por volta de 30 mulheres cada e o dia para participar dessa troca de conhecimentos deve ser agendado com antecedência pelo (31) 99757-6762 com a Eveline ou instagram: @luluvinhas.confraria.

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Sempre uma grande honra participar!

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