Dos primeiros a ser comtemplado com uma estrela Michelin, Pedro Lemos abriu portas em 2009 na foz do Douro numa ruazinha pacata e escondida.
Casa de patrimônio arquitetônico, com paredes e tetos azuis ornados com esculturas de pássaros pretos dando a impressão de que estamos no céu.
E realmente a comida nos faz chegar a esse patamar. Iniciei com espumante Quinta das Bágeiras Super Reserva 2016, da região da Bairrada.
Excelente começo com o carapau (cavalinha) curado acompanhado de diferentes texturas de pepino e salicórnea. Questiono sobre a belíssima cor verde do azeite e do coulis que sustentava os ramos de salicórnea e a tonalizade é dada pela casca do pepino.
Na sequência o show de cores e sabores desfila nos olhos e no paladar com gamba do Algarvia, manga e infusão de caril (curry) em tons de amarelo.
O prato mais recomendado, curiosamente foi o que menos me apeteceu. Senti que faltou emoção na terrine de foie gras. Ou talvez porque tenho um pouco de preconceito com foie gras pela maneira como é produzido. A terrine foi carmelizada no topo e na base com especiarias, pêra e vinho da madeira acompanhado de brioche feito na casa.
Voltei a curtir os pratos quando veio o atum dos Açores ligeiramente selado com cogumelos enoki, creme de wassabi e maionese de sésamo com caldo dashi, bem estilo japonês e delicioso.
Parecido com a nossa moqueca, a caldeirada de peixe teve corvina, amêijoa e lula esculpida em escamas maçaricadas, uma obra de arte.
Passei para o tinto Sem Vergonha 2016 do Alentejo, elaborado 100% com a casta Castelão da produtora Susana Esteban. Em 2012 foi-lhe atribuído o prémio mais prestigiado que um enólogo pode receber em Portugal, o título de “Enólogo do Ano”, pela Revista de Vinhos, tendo sido até a data a única mulher a que foi atribuído está distinção. Em Janeiro de 2016 foi-lhe atribuído o prémio “Produtor Revelação do Ano 2015” pela prestigiada revista “Wine – A Essência do Vinho.
Foi a primeira vez que comi pombo e achei que lembra fígado. É um sabor intenso e estava tenro e mal passado o peito do pombo. As pernas da ave foram aproveitadas para se fazer um ótimo croquete. Nesse prato ainda teve cogumelos desidratados, centeio e trigo para dar crocância.
Extremamente refrescante e um espetáculo de sabor e apresentação a primeira sobremesa ganhou meu coração, feita com amanás (abacaxi), coco e gengibre.
Último prato é uma homenagem à Ilha da Madeira com três elementos importantes bem típicos de lá: banana, alfazema e vinho da Madeira. A banana fresca foi caramelizada e também servida em forma de sorvete, com pérolas de tapioca cozinhada em vinho da Madeira com toque floral de alfazema, a lavanda.
Finaliza com madeleines o menu degustação de 110€.
Ótimo atendimento da Catarina, do Rui e do Pedro.
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Pedro Lemos
Rua do Padre Luís Cabral 974, Foz do Douro, Porto, Portugal