Léo Paixão no Ateliê de Cerâmica

dezembro 2017
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Fundado em 2002 pela designer de ambientes Flávia Soares, o Ateliê de Cerâmica, localizado no centro de Contagem, é um espaço que oferece objetos e peças autorais produzidos a partir da cerâmica para as mais diversas finalidades, como a decoração, o paisagismo ou utilitários. Atualmente, o designer Daniel Romeiro e a arquiteta Luiza Soares – filhos de Flávia – desenvolvem as peças em parceira com a mãe, prezando pelo design autoral, perfeito acabamento e criação artística livre.

Com uma fachada charmosa, os visitantes encontram, ao passar pelo jardim de entrada, uma loja onde os objetos são comercializados. Há desde xícaras e conjuntos para chá e café, conjuntos de pratos, até grandes esculturas criadas com técnicas e acabamentos diversos. O espaço foi inteiramente pensado de forma a acolher e receber bem o visitante. Até o mobiliário foi desenhado dentro do próprio ateliê, garantindo que a cerâmica seja a protagonista dos ambientes.

Além da loja, o ateliê ainda conta com uma sala multiuso, que pode abrigar desde almoços a exposições, além de atividades culturais e vivências. O espaço engloba ainda um café, circundado por um vasto e aconchegante jardim, reunindo diversas espécies de plantas como folhagens, suculentas, bromélias e uma coleção de orquídeas – uma das paixões da fundadora do ateliê.

A proposta desse almoço foi destacar a utilização da cerâmica na gastronomia, servindo no aconchegante ambiente do ateliê. O chef Leo Paixão utiliza as peças d’O Ateliê de Cerâmica como a louça oficial do seu premiado restaurante Glouton devido a particularidade das louças. “O trabalho do Ateliê é como uma extensão do meu. O trabalho e a louça deles faz parte dos meus pratos, como o fundo de uma tela de um pintor e não somente uma moldura. Quando penso no prato que vou criar, penso na louça que vai suportá-lo. O diferencial, além da experiência que eles têm, é o fato de que sempre temos o toque deles em tudo o que eles fazem. Todas as peças são feitas com as próprias mãos, trazendo toda humanidade para cada peça”, conta o chef.

Daniel Romeiro, um dos proprietários é vegetariano e sugeriu para o chef Léo Paixão um menu 100% sem carne. O resultado foi maravilhoso e não senti nenhuma falta de carne. Foram 8 pratos tão saborosos quanto lindos, como vocês podem ver. E quando servidos nas cerâmicas artesanais do Ateliê de Cerâmica, aí que a belezura se completa. Um charme!

– snacks –

Boursin glaçado na beterraba com cerefólio. O queijo de cabra mais parecia um bombom envolvido com uma brilhante camada de coulis de beterraba, que foi desidratada e também serviu de base em formato de chips, o que facilita de comer com as mãos. Em cima para contrastar as cores, uma folhinha muito usada na culinária francesa, o cerefólio.

Biscoito de cebola com caponata de jiló e cebola caramelizada. Esse biscoito o Léo conheceu pelas mãos do chef Rodolfo Mayer, do restaurante Angatu em Tiradentes e fez sua própria versão. A combinação com jiló foi perfeita para esse snack e mesmo quem tem preconceito com o amargor que esse legume causa, elogiou a mistura de sabores. Eu sou suspeita para opinar sobre qualquer coisa feita com jiló, pois é uma das coisas que eu mais gosto de comer na vida.

– entradas-

Creme de queijo com basílico, milho peruano e tartare de pêra cozida na água de arroz negro. Visualmente tem-se a impressão que é um tartare de atum, e ao comer esses cubinhos de pera suculentos junto com a crocância do milho e a textura macia do creme de queijo, a experiência é surpreendente. O creme é feito com mascarpone e queijo do serro e o óleo de basílico, feito no Glouton, dá a tonalidade verde. As folhinhas de manjericão roxo foram colhidas da horta minutos antes do prato ser servido.

Sopa de tucupi vermelho com canelone de cogumelo. O tucupi é um caldo extraído da mandioca e aqui levou beterraba para dar uma tonalidade vermelha. Foi servido na mesa para não amolecer a massa. O canelone é de massa filo, extremamente fina, delicada e crocante. O recheio de cogumelo Paris tem a mesma textura que um de carne.

– pratos –

Fetucine de carbonara com casca de banana defumada e queijo d’alagoa. Incrível essa gema de ovo vermelha curada, com consistência de bala de goma. O ovo vem de galinhas alimentadas com pimentão vermelho junto com a ração e o pigmento se transfere para a gema. A casca da banana é cozida para amolecer um pouco, depois curada com sal e aí vem a fumaça para defumar. O queijo é de Alagoa, município região do alto da Serra da Mantiqueira, que se tornou famoso pela produção do queijo minas artesanal.

Berinjela gratinada com missô, creme de grão de bico e arroz proibido. Mais uma vez os olhos enganam ao pensar que essa berinjela é um mini tornedor. Em cima o missô é uma massa de soja cozida temperada com gergelim. No arroz proibido, aquele consumido apenas pelo Imperador da China, vai pétalas de lanterna chinesa, uma flor comestível que costuma aparecer bastante nos pratos do Léo em eventos.

– sobremesas –

Goiaba em calda, creme de mascarpone e chá mate. Um sucesso de sobremesa, de poucas que aprecio, já quem não tem quase doce algum, somente o natural da fruta.

Brownie de chocolate, sorbet de butiá e pó de pé-de-moleque. O chocolate é Callebaut de origem do Brasil, feito com cacau da Amazônia e da Bahia. O butiá é o coquinho azedo de uma palmeira tipica brasileira, especialmente do Cerrado, difícil se ser encontrado. O sabor se parece com pequi e araticum, mas mais azedinho. Os ingredientes não apresentam muita relevância separadamente, mas o efeito que causam na boca quando se misturam é uma explosão.